O médico-veterinário e presidente da Abramvet – Academia Brasileira de Medicina Veterinária Josélio Andrade Moura participou da sessão de debates temáticos interativa do Senado Federal, com o tema “Controle de qualidade na produção agropecuária”. A apresentação aconteceu no último dia 12 de dezembro, e pode ser conferido na íntegra no link https://www.youtube.com/watch?v=dSoR2OSwUvQ. Na oportunidade, senadores e convidados debateram o Projeto de Lei 1.293/2021, que prevê o que chamam de autocontrole agropecuário.

“Esse tema do autocontrole, como também os temas da defesa sanitária animal e, principalmente, as questões ligadas a saúde pública que advinham desse projeto tem preocupado a todos, e não somente auditores fiscais federais agropecuários, a quem eu faço uma saudação especial, porque o auditor é o grande lutador para que as indústrias tenham elevado nível tecnológico e sanitário. Quero dizer que os serviços veterinários, como também os serviços agronômicos tem mais de 110 anos na área do Ministério da Agricultura e tem prestado relevante serviço ao desenvolvimento do parque industrial brasileiro”, declarou Josélio durante a sessão.

O médico veterinário elogiou o serviço prestado pelos médicos veterinários no Brasil, e citou a erradicação da peste bovina no Brasil em um ano, enquanto no mundo foram 300 anos para erradicar. “Em 1978, fomos surpreendidos com a peste suína africana e o Brasil em cinco anos erradicou, enquanto a península ibérica levou mais de 50 anos. Isso é fruto do trabalho dos colegas auditores fiscais federais agropecuários”, pontuou, acrescentando que o país agora caminha para ficar livre da febre aftosa sem vacinação e destacou que o parque industrial tanto de produtos de origem animal quanto vegetal não deixa nada a desejar aos parques europeus.

Apesar disso, Josélio lembrou que o mundo tem uma inquietude com relação aos aspectos de saúde pública e citou como exemplo a fome enfrentada por países africanos. “Os alimentos demoravam a chegar, às vezes por conta de brigas fraticidas tribais, e já chegava deteriorada, contaminada por diversos agentes patógenos e a medicina veterinária é responsável não somente por produzir as proteínas nobres de origem animal, como também produzir de forma sadia”, disse.

O presidente da Abramvet ressaltou que em 1960 eram mil médicos veterinários no Brasil, e hoje o número ultrapassa a casa dos 190 mil profissionais. Destes, somente 8% estão no setor público, na defesa, na pesquisa, no ensino, na saúde pública e no meio ambiente. “Precisamos com urgência reforçar os aspectos da defesa sanitária animal. A Secretaria está no seu limite. É preciso ter no mínimo 12 mil médicos veterinários no Governo Federal, além de engenheiros agrônomos e outros técnicos, dentro do Serviço de Defesa”, disse, pedindo para o Senado inicie um processo de complementação do quadro de defesa sanitária do País, além de modernizar o sistema, desburocratizando o serviço público brasileiro.

Josélio enalteceu o trabalho no setor privado na erradicação das doenças e ainda sugeriu que o Ministério da Agricultura tenha um setor, como já teve no passado, que estude permanentemente as mudanças do processo efetivo de atuação. “É preciso também transformar a Secretaria de Defesa Agropecuária, numa Secretaria Especial, que tenha estrutura leve, autonomoa, flexível e assima de tudo ágil. E para evitar muitos problemas, é preciso treinamento de pessoal cotidianamente e um processo de educação sanitária, não somente para produtores, mas também para indústrias e todo processo produtivo”, finalizou.

Ascom CRMV Tocantins
Palmas, 22 de dezembro de 2022.