Artigo: Queimadas até quando acharemos natural?
Autora: Érika Jardim 
Médica Veterinária, Especialista em Comércio Exterior

Até quando daremos conta de conviver com a “cultura” das queimadas como se isso fosse natural ou de alguma maneira normal? Infelizmente as queimadas são uma questão de educação, cultura e crime também. Não podemos tapar o sol com a peneira, ninguém quer ver cenas como as que diariamente ao longo de anos temos assistido, durante os meses de estiagem, nem produtores e nem ambientalistas. 

A sobrevivência não só das florestas, mas também do agronegócio, passa necessariamente pela mudança urgente do comportamento de todos os atores do setor, produtores, técnicos, consultores, empresários das indústrias, empresários do comércio e o Poder Público, que devem estabelecer um pacto que busque o desenvolvimento agropecuário com a capacidade de garantir segurança alimentar suprindo as necessidades de produção de alimentos e, sobretudo, sem comprometer as gerações futuras.

Alguns não os chamarei de pecuaristas e nem produtores rurais, mas de usurpadores da terra, contribuem para a imagem negativa do agronegócio brasileiro e, sendo assim, não estamos isentos de responsabilidade quanto ao impacto gerado sobre o meio ambiente. Tecnologias testadas e comprovadas já estão disponíveis, conhecimento suficiente já possuímos, portanto só nos resta assumirmos nosso papel de cidadãos conscientes de nossas responsabilidades em prol de uma imagem positiva esclarecendo à opinião pública nacional e internacional que os produtores sérios brasileiros estão profissionalizando e tecnificando suas formas de produção
de modo a respeitar o meio ambiente, atendendo o mercado e garantindo o bem estar coletivo.

Enquanto tivermos a mentalidade de uns contra outros, todos seremos perdedores. Já possuímos tecnologia para aumentar a produtividade com preservação. Somos sim, exemplo para o mundo, mas também somos um País que queima. E neste sentido precisamos de políticas públicas especialmente para a prevenção e o combate ao fogo. Isso é política de Estado, nosso agronegócio inclusive depende disto. O Brasil já recebe retaliações internacionais. Perderemos mercados importantes, assim como perdemos parceiros fundamentais na questão da preservação da Amazônia por exemplo, essa sim a maior riqueza nacional.

Negacionismo não nos fará avançar. Somando-se os esforços de todos, com integração e visão sinérgica, produtores rurais, ambientalistas e gestores públicos, com o lema “Um é pouco, dois é bom e três é melhor ainda!”, seremos protagonistas e não meramente coadjuvantes de um processo de mudança que nos levará a sistemas de produção sustentáveis com credibilidade mundial.